terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sem dúvida

O que escrever um poeta na mesa de um bar?
Escreva o destino ou a partida
de quem vive a vagar.
Escreva pra bela moça, bem ali na outra mesa,
escreva para o garçom,
trabalhador com certeza.
Escreva para o patrão
ou pro preço da despesa.
Escreva para o conhaque, pra cerveja, pra cachaça.
Escreva pro cachorrinho de uma madame que passa.
Mas não escreva a beleza da praça,
pois a beleza da praça, melhor escrever na praça.
Também não escreva pra embriaguês:
os ébrios só cantam pro tempo passar.
Jamais se esqueça da dita verdade,
escreva revolta, mas não vaidade.
Poeta que vive em cima do muro
enxerga no claro, escreve no escuro,
escreve miséria, escora no lucro.
Não sabe buscar lições no passado,
nem vê no presente um jeito decente
de pixar no muro, perto do futuro,
povo libertado.
Zé Pinto.

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