quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Devoção à Amazônia

Não sou apenas um índio
que perdeu sua taba
na curva da estrada
que o trator abriu.

Quando arrancou mãe-floresta
quebrou minha flecha
deturpou minha festa
e quase ninguém viu.

Não quero esse lero-lero de quem diz
"não posso, coitado, ai de mim!"
se a Amazônia dá um grito
nós gritamos junto
e rezamos assim:

Ave, ave, santa árvore,
pai nosso do palmital
pão nosso do santo fruto
ribeirinho enfrenta o mal
do homem que trás a cerca,
planta capim e faz curral
amparado num projeto de violência brutal
onde o humano é esquecido
e o boi querido é o tal.
Zé Pinto

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